A equipe da UTI do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU-UEPG) tem conquistado resultados positivos na redução de infecções. Os bons índices são fruto da participação do HU em um projeto financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
Em todos os indicativos de infecções associadas à assistência em saúde, as duas Unidades de Terapia Intensiva do HU registraram resultados positivos no início de 2019. As duas unidades têm mantido nos últimos seis meses a taxa zero em infecções de trato urinário. Quanto à pneumonia associada à Ventilação Mecânica, outra complicação relativamente comum nas UTIs, no mês de janeiro ambas as unidades atingiram a taxa zero. A infecção na corrente sanguínea associada ao uso de cateter tem atingido decréscimos constantes e, em janeiro, foi zerada em uma das unidades do HU.
“A taxa zero é, sem dúvidas, um prêmio a ser apreciado por toda a equipe, pois remete às práticas de excelência e qualidade dos cuidados. Ainda, acima destes aspectos, está o fato de que a prevenção das infecções associadas a dispositivos está salvando vidas”, comemora a Chefe do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar (NUCIH), Joseane Quirrembach.
Projeto no HU é orientado por equipe do Hospital Sírio Libanês
Nesta terça-feira, 26, uma equipe do Hospital Sírio Libanês, que orienta o projeto no HU-UEPG, esteve no hospital para avaliar os resultados, conversar com a equipe e acompanhar as ações do projeto. Durante a visita, foram analisados os índices e foram debatidas atitudes para melhorar ainda mais a qualidade do atendimento.
O projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” é realizado por meio do PROADI-SUS, em parceria com o Institute for Healthcare Improvement e hospitais de excelência, que atuam como orientadores (coachs). São cinco hospitais que comandam e orientam grupos de instituições (hubs), cada um com 24 hospitais participantes. “O hub do Hospital Sírio Libanês, do qual fazemos parte, é o que tem obtido melhores resultados em todo o país”, enaltece a enfermeira Daniele Brasil, líder do projeto no HU-UEPG e Diretora do Núcleo de Qualidade e Análise de Dados e Informações (NUIAS).
Segundo Daniele, o projeto está em andamento no HU desde dezembro de 2017. Ela comemora os resultados rápidos da implantação do projeto: “As melhorias esperadas para alguns anos foram atingidas já no primeiro ano de projeto. Isso é resultado do engajamento da equipe e entrosamento dos setores envolvidos”.
O intuito do projeto é orientar quanto às melhores práticas de cuidado com a segurança do paciente em hospitais de saúde pública. Em 3 anos de projeto (2017-2020), a meta, em âmbito nacional, é de reduzir em 50% o número de infecções relacionadas à assistência à saúde, em especial as infecções mais comuns nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI): infecção na corrente sanguínea associada ao uso de Cateter Venoso Central; pneumonia associada à ventilação mecânica; e infecção do trato urinário associada ao uso de Cateter Vesical de Demora.
Pequenas mudanças de processos têm resultados positivos
Como conta o coordenador da UTI do HU-UEPG, Simonei Bonatto, o projeto não prevê grandes mudanças de procedimentos, mas sim reforça a necessidade de determinadas rotinas. Segundo ele, uma das principais ações é a melhoria dos processos de entendimento por parte da equipe de saúde. “É um reforço de ações simples, mas indispensáveis para o controle de infecções. Por exemplo, se implementa uma discussão diária da necessidade de inserção e retirada de dispositivos invasivos”, explica o coordenador.
Dispositivos invasivos, como cateteres, sondas e acessos, são uma das principais “portas de entrada” de microorganismos que causam infecções. Por isso, segundo Simonei, “se procura ‘desinvadir’ o paciente o mais precocemente possível”. O uso destes dispositivos fica restrito aos casos em que há extrema necessidade.
Dentre as inovações implantadas nas UTIs do HU-UEPG, destaca-se ainda o uso de um fast-checklist (lista de verificação rápida) para verificar indicação de uso de dispositivos, procedimentos e medicamentos, que agiliza a tomada de decisões. Além disso, houve uma mudança no rodízio da escala de atendimento dos técnicos de enfermagem, que passam a acompanhar o mesmo paciente por cinco plantões seguidos. Isso gera uma identificação e engajamento da equipe com cada um dos pacientes atendidos.
São várias mudanças pequenas nas rotinas de trabalho que trazem resposta positiva, sem aumento de custo. “A mudança de processos traz resultados positivos e melhora a qualidade de atendimento, possibilitando que se salve vidas”, ressalta Daniele. Além disso, a redução das infecções diminui os custos com tratamentos e internamento prolongado dos pacientes.
